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quarta-feira, 23 de novembro de 2011

A NICARÁGUA SANDINISTA


O covarde assassinato do líder popular Augusto César Sandino, carinhosamente lembrado como “general dos homens livres”, e a perpetuação da ditadura pró-imperialista da família Somoza desde a década de 1930 foram responsáveis pelo agrupamento de setores progressistas de vários matizes ideológicos (marxismo-leninismo e cristianismo principalmente) em torno da guerrilha de libertação nacional (FSLN) responsável pela Revolução de 1979.

O movimento revolucionário que encerra o domínio da aristocracia Somoza, com apoio da URSS e de Cuba, desencadeia processo político promotor de vigorosa reforma agrária, da montagem de cooperativas gerenciadas por trabalhadores (sobretudo ligadas à produção agrícola) e da criação de um setor estatal bastante diversificado (Daniel Ortega participa da junta de governo montada em 1979 e é eleito presidente em 1985).

Sustentadas pelo imperialismo estadunidense, as vitórias eleitorais de Violeta Chamorro, Arnoldo Alemán e Enrique Geyer, levaram ao governo classes sociais descomprometidas com os interesses nacionais, privatizando mais de 300 empresas, esvaziando instituições ligadas à democracia popular e desconstituindo o sistema de cooperativas anteriormente estruturado. Tais medidas foram geradoras de baixas taxas de desenvolvimento humano e de grande descontentamento, provocando a eleição da Frente Sandinista em 2006 e a arrasadora vitória de 2011 (com 66,43% dos votos, enquanto que a Frente Liberal atingiu 25,92% e Arnoldo Alemán modestos 7,1%).

Estas dilatadas vitórias eleitorais obtidas por Daniel Ortega foram fundamentais para a criação de novo ciclo de crescimento na Nicarágua, considerando: 1) que por intermédio de financiamentos do Banco Caruna (constituído notadamente com capitais advindos do petróleo venezuelano), braço da Alternativa Bolivariana, foi efetivado vigoroso plano de eletrificação nacional e criado programa de construção de habitações populares; 2) a montagem de acordos com as maquiladoras (sobretudo têxteis) para que estas resistissem à crise de 2008; 3) a manutenção de política econômica competitiva que tem sustentado as exportações e ampliado a força de atração de novas maquiladoras para o país; 4) o fortalecimento das empresas estatais e 5) a vigorosa política de expansão salarial, formação de cooperativas e distribuição de terras.

É desta forma que vem avançando o processo de desenvolvimento da formação social nicaragüense no quadro centro-americano, uma construção verdadeiramente “cristã, socialista e solidária” (slogan da campanha de Ortega em 2011) em prol da superação do livre-cambismo e da dominação imperialista.


Lucas dos Santos Ferreira

Pesquisador do Laboratório de Planejamento Urbano e Regional – LABPLAN/UDESC

Fábio Napoleão

Professor dos Departamentos de Geografia e Economia da UDESC

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