Desde o dia 17 de maio os docentes das
universidades federais entraram em greve por melhorias na educação
pública, em especial, através do reajuste salarial. Segundo o Sindicato
Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES) já são
44 instituições que aderiram à greve.
Justa no mérito, a greve merece toda a
solidariedade da comunidade acadêmica – estudantes, técnicos
administrativos e professores – bem como da sociedade civil e dos
movimentos sociais em geral. No entanto, o método a ser adotado em cada
uma das IFES precisa ser observado com muita cautela.
A greve possui um objetivo claro, o
reajuste salarial dos docentes, e consequentemente um alvo também muito
bem definido: o governo federal. Pode-se dizer que o governo federal é
formado por uma ampla base, sendo, portanto, contraditório. Por um lado
poderia se dizer que a culpa é do ministério da educação, por outro lado
poderia se dizer que os responsáveis pela falta de investimentos na
área são os ministérios do planejamento e da fazenda. Por fim alguém
poderia dizer que a culpa é da chefe de todos eles, ou seja, da
presidenta Dilma Rousseff. Todas as variações interpretativas são
possíveis, cada uma delas com seu grau de legitimidade.
A questão que se apresenta, entretanto,
diz respeito ao método, ou seja, a forma como as greves são construídas
em cada uma das universidades. Fechar laboratórios, cessar análises de
artigos para revistas científicas, impedir defesas e qualificações só
terão um resultado concreto: o prejuízo dos pesquisadores e
consequentemente da produção de conhecimento. Do ponto de vista do
governo federal, estas seriam ações que pouco lhe pressionariam. De
fato, este tipo de mobilização não pressiona em nada o governo federal e
seus atores.
Para os agentes responsáveis pela
mobilização da greve, ações como ocupações do Congresso Nacional, do
Planalto Central além de atividades massivas que mobilizem a sociedade
em torno do tema seriam muito mais eficazes. Felizmente, a maior parte
dos focos grevistas têm observado este critério, sob pressão dos
próprios pesquisadores que têm consciência de suas responsabilidades.
Mas é preciso muito cuidado para que paixões conjunturais não se
sobreponham à razão objetiva.
A greve merece todo apoio. Desde que seja para atacar o alvo correto.
Por: Theófilo Rodrigues, mestrando em ciência política da UFF e membro da APG-UFF
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