O secretário national do Partido
Comunista Francês, Pierre Laurent, emitiu na noite deste domingo (06)
uma declaração manifestando o entusiasmo com que os comunistas franceses
receberam o anúncio da vitória de François Holande na eleição
presidencial. Sob o título "Uma vitória que abre uma nova esperança na
França e na Europa", o líder do PCF aponta também as perspectivas que se
abrem na luta das forças propgressistas e de esquerda francesas.
Ao eleger neste domingo (6) François Hollande presidente da República, o
povo da França se livrou de um poder que o menosprezou e agrediu
durante cinco anos. Quero falar da alegria dos comunistas que combateram
sem descanso Nicolas Sarkozy e sua política e que fizeram todos os seus
esforços por esta vitória.
Quero felicitar François Hollande por
sua eleição. As mulheres e os homens que se aglutinaram em torno de sua
candidatura para infligir a Nicolas Sarkozy a derrota que ele merecia
abriram uma nova esperança na França e na Europa.
Quero agradecer aos milhões de eleitoras
e eleitores da Frente de Esquerda que deram uma contribuição decisiva
para esse resultado. Sem a campanha mobilizadora feita pelo Partido
Comunista Francês e seus aliados da Frente de Esquerda com seu candidato
comum, Jean-Luc Mélenchon, sem as proposições de nosso programa, O Ser
Humano em primeiro lugar, sem nosso compromiosso determinado entre os
dois turnos, a vitória não teria sido possível. Ela abre um novo
capítulo para nosso país.
François Hollande é o primeiro presidente eleito pelas eleitoras e os eleitores de esquerda desde há 24 anos.
Era indispensável pôr termo a uma
presidência a serviço dos privilegiados, que tomava sistematicamente por
alvo o mundo do trabalho, seus direitos sociais e democráticos, as
liberdades democráticas.
Era indispensável que o coautor, com
Angela Merkel, do tratado europeu que promete austeridade perpétua aos
povos e plenos poderes para o capitalismo financeiro, fosse
desautorizado por seu próprio povo.
A todos os povos da Europa que esperavam
este sinal da França, eu digo: unidos, é possível fazer recuar a
ditadura financeira que nos ameaça a todos; unidos, podemos relançar o
combate por uma Europa democrática, uma Europa de justiça social, de
desenvolvimento solidário e ecológico.
Sim, neste 6 de maio de 2012, nós
vencemos uma primeira batalha capital. Um presidente de esquerda ocupa o
Palácio dos Campos Elíseos. A esquerda deve sem tardar responder às
urgências sociais que não esperam. Medidas imediatas para os salários,
para recuperar o poder de compra, para a luta contra o desemprego e a
renegociação de um tratado europeu devem ser tomadas.
Abre-se ao mesmo tempo uma nova batalha,
a das eleições legislativas da qual agora vai depender a possibilidade
de manter bem aberta a porta para a mudança.
É necessário agora eleger à Assembleia
Nacional uma maioria de esquerda que esteja à altura da situação e para
isso conte em seu seio com deputados prontos para votar as leis sociais e
democráticas sem as quais a mudança será nada.
É necessário um grande número de
deputados que não hesitem sequer por um segundo em revogar as leis
celeradas do quinquênio de Sarkozy e dos dez anos da direita no poder.
É necessário um grande número de
deputados para retomar o poder que se encontra nas mãos do setor
bancário e financeiro, para fazer funcionar um polo público da banca e
do crédito.
É necessário um grande número de
deputados favoráveis à recuperação significativa do salário mínimo, dos
salários, decididos a promover a volta da aposentadoria aos 60 anos com
remuneração plena para todos, a proibir as demissões injustificadas, a
relançar o emprego industrial e os serviços públicos.
É necessário um grande número de
deputados que tenham coragem de submeter ao voto os novos direitos para
os assalariados tanto do setor público como do privado, para os
trabalhadores independentes com futuro precário, para os jovens que
merecem melhor que o aprendizado ao longo da vida, para as mulheres
cujos salários estão amplamente aquém dos de seus colegas masculinos.
As ameaças da direita e da
extrema-direita para impedir essas mudanças não morreram com a derrota
de Nicolas Sarkozy. Os seus candidatos às eleições devem ser em toda a
parte derrotados, é necessário barrar o caminho de entrada da Frente
Nacional à Assembleia. Por toda a parte em que ela teve essa
possibilidade na Europa, a extrema-direita agravou os retrocessos
sociais. Não será assim na França, o PCF e seus aliados da Frente de
Esquerda se comprometem com isso.
Esta noite, apelo aos candidatos e às
candidatas da Frente de Esquerda às eleições legislativas a reiniciarem
por toda a parte o combate para reunir em torno desses objetivos o
conjunto das eleitoras e eleitores que permitiram a vitória na eleição
presidencial.
Apelo ao conjunto dessas eleitoras e
eleitores a garantir a mudança, a pôr os candidatos da Frente de
Esquerda à frente da esquerda no máximo de circunscrições eleitorais no
dia 10 de junho e a eleger em seguida o maior número possível no segundo
turno, em 17 de junho próximo.
Fonte : PCF
Tradução de José Reinaldo Carvalho, editor do Vermelho
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