Neste 8 de março, em comemoração aos festejos do centenário da data, as jovens socialistas lançarão a marca UJS-Mulher. Segundo Mariana Venturini, diretora de jovens mulheres, estamos num momento em que "o conjunto da UJS chama para si o debate acerca da emancipação da mulher como parte estruturante do próprio socialismo". Leia a entrevista e baixe o panfleto da UJS para o Dia Internacional da Mulher. Veja ainda a ficha de filiação e o adesivo alusivos ao 8 de março.
Site da UJS: Neste 8 de março é comemorado o centenário da oficialização da data como dia internacional da mulher. Neste período, qual você elencaria como a principal conquista da mulher na realidade brasileira?
Mariana Venturini: Sem dúvidas a igualdade jurídica entre homens e mulheres. Até a promulgação da Constituição Cidadã, em 1988, ou seja, há pouquíssimo tempo em termos históricos, as leis vigentes legitimavam a supremacia masculina. Para se ter uma ideia, o marido tinha o direito de proibir a mulher de trabalhar fora.
Com a nova Constituição e o novo Código Civil isso se extinguiu. Agora o desafio é promover a igualdade também na vida, para além da igualdade jurídica formal. E derrubar a última barreira legal à emancipação da mulher — a criminalização do aborto.
Site da UJS: E nos últimos anos, sob o governo Lula, qual a principal marca de avanço?
Mariana Venturini: A criação da Secretaria Especial de Políticas Para as Mulheres – SPM (que será alçada ao status de ministério neste dia 8 de Março) é uma importante sinalização do poder público brasileiro ao reconhecer que existe um problema real que está colocado na sociedade: a desigualdade entre homens e mulheres. Antes de Lula, a postura era de tratar como se fosse um “desnível natural” entre os sexos e não uma diferença construída social e historicamente e que, como tal, tem solução.
O governo Lula, permeável aos movimentos sociais, foi o mais sensível às questões das mulheres até então. Criou a SPM, realizou duas conferências nacionais de políticas para as mulheres — com ampla participação da sociedade civil — e promulgou a Lei Maria da Penha, que criminaliza a violência doméstica, para citar as ações específicas.
Além delas, há também todas as políticas sociais do governo como o Luz para Todos, Bolsa-Família etc. Existem pesquisas indicando que elas beneficiam especialmente as mulheres de baixa renda. Esses programas têm impacto direto na subjetividade dessas mulheres, dando-lhes uma noção de cidadania que elas nunca haviam experimentado.
No que tange as jovens mulheres, o Programa Saúde e Prevenção nas Escolas, que distribui preservativos nas escolas, precisa ser significativamente ampliado, mas já é uma iniciativa.
Site da UJS: Quais os principais problemas enfrentados pelas jovens mulheres brasileiras hoje?
Mariana Venturini: A criminalização do aborto deixa o trágico número de 250 mil internações no SUS anualmente. Há jovens morrendo. Há meninas perdendo o útero em procedimentos inseguros. Então defendemos a legalização do aborto, que venha também acompanhada de educação sexual nas escolas e acesso universal aos métodos contraceptivos.
Também a questão da valorização do trabalho da jovem mulher e a participação nos espaços de poder são centrais nesta discussão. Sem poder político, nem toda a boa vontade do mundo muda alguma coisa. É o que nós chamamos de “empoderamento” das mulheres no movimento feminista. E vemos que, como segmento social, nós jovens mulheres estamos ainda muito longe deste empoderamento.
Site da UJS: A UJS, neste 8 de Março, lança a UJS-Mulher. Como você acha que isso pode resultar num salto da atuação da UJS no movimento feminista?
Mariana Venturini: Sinto que há uma maior noção de pertencimento por parte das nossas militantes com relação ao debate emancipacionista, antes mais restrito às meninas cuja atuação era exclusivamente no movimento de mulheres. E essa marca vem coroar esse novo momento da nossa organização, no qual o conjunto da UJS chama para si o debate acerca da emancipação da mulher como parte estruturante do próprio socialismo, desdobrando a sua atuação para além do movimento feminista estrito e ganhando mais espaço nos demais movimentos em que a UJS atua. O que é justíssimo, uma vez que em todos eles há mulheres e em todos eles há discriminação — em maior ou menor grau — da mulher.
Essa nova compreensão se materializa numa maior sinergia da frente de jovens mulheres com as demais frentes (estudantil, jovens cientistas etc): é o que chamamos de transversalidade. E essa marca traduz exatamente isso. É a valorização da militância feminina da UJS elevada a um outro patamar, o que certamente nos trará bons frutos já para o período próximo, com nosso 15º Congresso se aproximando.
De São Paulo,
Fernando Borgonovi
Parabéns pelos materiais camaradas
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