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quarta-feira, 22 de julho de 2009

Nada de juventude perdida! Eu tenho muito mais a dizer!

No clima intelectual dominante, contaminado pela pós-modernidade e pelo neoliberalismo, pertencer a uma organização juvenil, revolucionária e socialista pode parecer um sintoma irremediável de inadequação à época ou um desafio infantil ao senso comum e aos consensos do paradigma hegemônico das ciências sociais do final do século XX e início do século XXI.


É preciso reconhecer que essas impugnações contem um grão de verdade, mesmo se tratando de uma falsidade de conjunto. Inadequação sim, se isso significar uma atitude de revolta diante dos tempos que correm e da forma como se desenvolve a vida social. Nós nos caracterizamos por uma rejeição obstinada a todo convite para nos tornarmos complacentes com o atual estado das coisas, para sermos “adequados”. A outra opção é nos declararmos satisfeitos ante a uma sociedade em que a exploração do homem pelo homem e as formas de decomposição das diversas formas de sociabilidade chegaram a extremos sem precedentes na História. Diante disso, sempre tem aqueles que afirmarão: “mas sempre existiram pobres”. Mas seria imperdoável esquecer duas coisas: a) eles nunca foram tantos e nem tão pobres quanto agora; e b) que antes, nunca houve um punhado de ricos tão ricos quanto hoje. Basta um único exemplo: o banco de investimentos Goldman, Sachs & Co. de Nova Iorque obteve lucros de 3.220 milhões de dólares em 2003, que foram distribuídos entre seus 221 sócios. Ou seja, uma única empresa, dedicada exclusivamente à especulação financeira, obteve lucros superiores ao PIB da Tanzânia, que deve ser repartido entre seus 25 milhões de habitantes. Não é preciso argumentar acerca da “adequação” ou da imoralidade da complacência, velada ou aberta, diante deste estado criminoso das coisas.


Nossa época caracteriza-se pela virulência de uma “crise de valoração”: a derrubada da escala de valores, resultante da imposição das regras do capitalismo selvagem, que conduzem a um “salve-se quem puder” individualista, que põe por terra todo escrúpulo moral e apenas premia os ricos e poderosos, sem indagar a respeito dos meios empregados para adquirir a riqueza e o poder. De uma perspectiva inspirada na releitura do Manifesto Comunista, observamos que a mercantilização da vida social trouxe como conseqüência que “tudo que é sólido, se dissipa no ar”, e os valores e ideais mais elevados de homens e mulheres sucumbem diante do seu egoísmo e diante do poder do dinheiro. Não há por que acreditar que, pelo simples fato de existir, esse deplorável estado de coisas se transformará em algo positivo, diante do qual deveríamos suspender todo juízo crítico com base numa suposta “neutralidade” do saber científico ou na obsolescência apregoada pelo pós-modernismo, da distinção entre realidade e ficção. A “deslocalização” daqueles que inspirados nos legados da filosofia política clássica, persistem na busca de valores e significados constitui, em tempos como estes, uma atitude não só digna, mas também fecunda e necessária.


Vamos à segunda acusação: rebeldia diante do consenso disciplinar? Sem dúvida; mas quem, em perfeito juízo poderia negar que palavras como “crise”, “insatisfação”, “frustração” e outras equivalentes são as que mais usamos para avaliar a situação da vida social do nosso tempo? O panorama do “saber convencional” não só é frustrante como apresenta claros sintomas de uma crise sem precedentes na história. Nesse ponto, o marxismo retoma a importância que sempre teve desde sua criação: é a única alternativa teórica da nossa época.


Por trás da rejeição do marxismo como teoria política que responde aos problemas do nosso tempo, esconde-se uma questão ideológica fácil de ser percebida: sob conceitos supostamente “puros” ou “neutros”, existem claras opções de caráter valorativo.

*Gustavo Chraim Ex-Secretário de Formação e Organização da UJS - SC


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